Cinco dicas quase zen de como vivenciar a Mostra SP

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A 37ª edição da Mostra de Cinema de São Paulo começa nesta sexta-feira (18), com a exibição de 377 filmes de todos os cantos do planeta. Com duas semanas para dar conta de alguma parte dessa sorte de títulos, há quem se empenhe em maratonas sem fim de filmes. Concordo que são raras as oportunidades de ver na tela grande obras que dificilmente chegariam às salas não fosse por iniciativas como essa. Nesse tópico, o Filmes do Chico fez um excelente “Guia sobrevivência na Mostra de Cinema de São Paulo”. Recomendo ler, existem questões práticas essenciais ali.

Mas queria acrescentar algumas outras “dicas”, se me permitem:

1) Cinema é hipnose, imersão, deslumbramento. E alguns filmes não raramente caminham com a gente muitas horas depois dos créditos finais subirem. Em certos momentos, é preciso saber reconhecer que não queremos largar a mão do que acabamos de assistir e, quase que promiscuamente, nos render aos encantos de outras histórias. Portanto, mesmo se você tiver com uma agenda de cinco filmes no dia, saiba identificar quando um deles te demanda uma pausa. A gente já vive correndo o dia inteiro com prazos e metas e tabelas e deadlines. Não precisa ser assim também com o cinema.

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O Jardineiro, de Mohsen Makhmalbaf

Jardineiro

:: Filme na programação da Mostra SP ::

Diálogo dos primeiros minutos de O Jardineiro:
Mohsen Makhmalbaf, o pai: “Cinema é extensão dos nossos olhos, não das nossas lentes”.
Maysam Makhmalbaf, o filho: “Se só a percepção é importante, pra que fazer filmes?”

Para um documentário que se pretende questionar e entender por que as pessoas adotam uma religião como norte moral, é bem sintomático que Makhmalbaf, alguém que sempre colocou a própria arte do cinema em xeque, conteste de cara seu ofício de cineasta. De tal forma que os conflitos ideológicos entre ele o filho nunca são apenas sobre cinema ou apenas sobre religião. A diferença do olhar de cada um diante do material humano que se coloca diante deles é a grande questão. E que por isso devoção pode ser algo tão relativo quanto um recorte do olhar.

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Avanti Popolo, de Michael Wahrmann

Avanti Popolo

:: Filme na programação da Mostra SP ::

Avanti Popolo é um filme sobre o tempo. Que parou, que se arrasta, que acelera, que se pudesse voltar atrás… O tempo que a gente não queria que tivesse passado. Tampouco fosse presente. Mas ali está, sentado no meio da sala, o tempo.

Os dois personagens que contracenam com ele representam a memória. Um deles, o pai, nega luz ao tempo e mantém as janelas fechadas. É a memória imobilizada. Já o outro, o filho, não se importa em iluminar esse mesmo tempo e tentar de alguma forma tirar dele o pó com que seu pai fez questão de vesti-lo. Paradoxalmente, é um personagem desleixado com seu próprio tempo, sem perspectiva de futuro. É a memória em tentativa de construção.

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