O som que ficou ao redor no cinema nacional em 2013

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Carinhosamente tomo emprestado o título do filme mais importante do ano – importante por tantos motivos que nomeá-los aqui seria escrever sobre outra história – para fazer uma retrospectiva do que vi no cinema nacional em 2013 e relacionar afetivamente essa experiência aos sons que ficaram comigo de todos eles.

Primeira observação: em retrospecto, vejo 2013 como um ano particularmente explosivo para o cinema nacional. O petardo foi plantado lá no começo de janeiro com a estreia do próprio Som ao Redor e seu inesperado sucesso comercial para um filme lançado fora do modelo Globo Filmes. O barulho advindo dele está ecoando até agora pelas poucas salas a exibir esse cinema de que vou falar.

Segunda observação: alguns dos longas de que trato aqui ainda não estrearam em circuito comercial, mas se neste texto estão é porque me causaram um impacto tão positivo que não poderia deixar de contar como uma experiência vivida durante 2013. São eles: Amor, Plástico e Barulho; Avanti Popolo; Depois da Chuva e Riocorrente. Todos previstos para um igualmente explosivo 2014. Assim se espera.

Terceira observação: O que se segue é um texto de ordem 100% passional. Não esperem análises.

Quarta e última observação: as comédias da Globo Filmes #nãomerepresentam.

Tendo tudo isso dito, lembremos que:

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Avanti Popolo, de Michael Wahrmann

Avanti Popolo

:: Filme na programação da Mostra SP ::

Avanti Popolo é um filme sobre o tempo. Que parou, que se arrasta, que acelera, que se pudesse voltar atrás… O tempo que a gente não queria que tivesse passado. Tampouco fosse presente. Mas ali está, sentado no meio da sala, o tempo.

Os dois personagens que contracenam com ele representam a memória. Um deles, o pai, nega luz ao tempo e mantém as janelas fechadas. É a memória imobilizada. Já o outro, o filho, não se importa em iluminar esse mesmo tempo e tentar de alguma forma tirar dele o pó com que seu pai fez questão de vesti-lo. Paradoxalmente, é um personagem desleixado com seu próprio tempo, sem perspectiva de futuro. É a memória em tentativa de construção.

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