#Mixtape 1 –> Por um cinema Em Nome do Amor

Michelle

Ninguém passa impune por uma mixtape. Não ao menos pela criação de uma. Seja ela uma declaração de amor, seja somente um chamado de “ei, escuta isso aqui”, as mixtapes têm uma natureza expositiva, pessoal e intransferível.

De um jeito ou de outro, você sabe que aquelas músicas nunca estariam juntas num mesmo “lugar afetivo” se você mesmo não tivesse convidado todas elas para essa reunião informal. E numa mixtape, só se convida quem se ama.

Adoro criar o que hoje se chama de mixtape. Lá atrás falávamos de uma fita cassete com capa customizada, lado a, lado b, longos textos explicando o sentido por trás de cada faixa e todas as frescuras de contar o tempo certo das músicas para que elas coubessem 30 minutos aqui, 30 minutos ali. Amo criar essas seleções porque é sempre muito bom achar quem fale por você. E as músicas, mais do que qualquer outro meio, têm esse poder.

O fato é que, com toda facilidade tecnológica de se criar mixtapes hoje em dia, perdi um pouco aquele encanto artesanal de juntar as faixas. Me ocorreu, no entanto, que poderia fazer isso de um jeito ainda mais significativo, com mensagens transversais e, claro, um pouco mais trabalhoso. Uma mixtape… com o perdão da ousadia… cinematográfica. Em que não apenas a música, mas a cena nela implícita, quer te dizer algo.

Penso frequentemente nos melhores filmes do ano, os melhores filmes da vida, as melhores cenas, os melhores diálogos – Nick Hornby, seu maldito. E, claro, de um jeito ou de outro, nas melhores músicas por trás disso tudo. Eis então uma mixtape em que, pela primeira vez, não será suficiente apertar o play. Quero dar trabalho. E tentar explicar que, em qualquer seleção, de canções ou cenas, é preciso ter coerência ou, para quem preferir, um tema. E o tema desta vez (sim, porque haverá próximas) é o campeão de audiência de toda a humanidade: amor.

Com vocês, a Mixtape In the Name of Love
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Todos os curtas em animação indicados ao Oscar

Li esta semana que Hollywood havia pressionado a Shorts International para retirar do ar todos os curtas em animação que haviam sido indicados ao Oscar e estavam – o horror, o horror – todos gratuitamente disponíveis online. Pois bem, fazendo uma pesquisa rapidinha aqui, descobri que alguns players mantém os cinco filmes disponíveis – incluindo os dois que foram banidos do YouTube: Adam and Dog e Fresh Guacamole. Tive oportunidade de assistir a três deles em tela de cinema, mas estou certa que se não fosse a querida rede mundial de computadores, não conseguiria assistir aos outros dois. Portanto, só de pirraça, lá vão os cinco filmes. Apertem o player, modo full screen e abram o sorriso (no caso dos dois últimos filmes basta clicar na imagem).

Em tempo: recomendo com muito afeto o Head Over Heels, um projeto de graduação da National Film & Television School que levou prêmio de juri e público no Anima Mundi do ano passado. Para quem curte stop motion (ou apenas a arte de criar uma história), o Vimeo do diretor Timothy Reckart traz vários vídeos de bastidores do curta.


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O pós-sessão dos filmes indicados ao Oscar em 2013

Os 30 minutos que se passam logo depois que você sai de uma sessão de cinema. Para falar dos filmes que concorrem ao Oscar este ano opto pela tentativa de dar um panorama desses primeiros momentos de luz após a imersão de horas (em alguns casos, este ano, quase três horas) na sala escura. E mesmo que amemos odiar essa premiação, ela ainda parece ser inevitável em nossas agendas e, de certa forma, ainda rende uma temporada interessante de filmes nesse tempo de fim e começo de ano. Portanto, a quem interessar possa, foram assim os meus 30 primeiros minutos depois da sessão de…

Haneke dirige Emannuelle Riva e Jean-Louis Trintignant

Michael Haneke dirige Emannuelle Riva e Jean-Louis Trintignant. Triozinho da pesada.

Amor – Destruída, atropelada e interrompida pela realidade de um amor que, de tão cru, é possível demais (das possibilidades que nos assustam). Meu coração saiu se arrastando tal qual fazem as sandálias de Anne (Emmanuelle Riva) pelo chão de taco da casa que ela divide com o marido. O chão onde os pássaros caem. As paredes que penduram telas impressionistas sem contornos, sem certezas. Haneke, mais uma vez – ainda não ter perdoei pelas sequelas que ficaram de Caché, muito menos pelo tapa da Professora de Piano – me desconcerta em seus acertos.

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