Um Estranho no Lago, de Alain Guiraudie

Estranho no Lago

:: Filme na programação do Festival do Rio ::

A estranheza que já se encontra no título desse filme é uma daquelas que vai ficando cada vez mais obscura à medida em que você se afasta da história. Em outra palavras, Um Estranho no Lago cresce muito na sua cabeça somente algumas horas, ou dias, depois da sessão. O que por si só já é um mérito do trabalho. O novo longa de Alain Guiraudie finge ser uma história de amor para, na verdade, ser um perturbador suspense. Ou seria o contrário? De qualquer maneira, é um filme que lembra aqueles bons capítulos de Agatha Christie no sentido de usar um crime para alertar sobre disfunções sociais em grupos de pessoas que vivem em aparentes enseadas emocionais.

Enseada esta que, neste caso específico, é muito bem ilustrada pelo lago em questão, um tipo de oásis idílico em algum lugar da França onde homens gays vão tomar banho de sol, nadar e, se possível, fazer sexo com estranhos em um bosque atrás da praia. Franck (Pierre Deladonchamps) é um frequentador habitual desse lago. Em um novo verão, ele conhece um homem mais velho chamado Henri (Patrick d’Assumçao), personagem sempre isolado dos demais por, estranhamente, não ser gay e estar sempre vestido (todos os demais homens são vistos nus). Henri é um homem de poucas palavras, mas percebe em Franck uma companhia agradável e que, ao contrário dos demais, não o julga.

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