A questão Palestina/Israel, como todas as questões de territórios vizinhos e inimigos, vem rendendo ao cinema um sem número de narrativas românticas com base naquela premissa da tese (o amor), antítese (a proibição ao amor) e síntese (a resposta, muitas vezes violenta, à proibição) de Romeu e Julieta. Além da Fronteira não foge ao modelo. A estreia do diretor Michael Mayer em um longa segue esse arquétipo do amor proibido e traz uma leitura que começa afetuosa entre dois personagens inseridos no contexto da pouco afetiva relação entre palestinos e israelenses no campo dos acordos políticos.
Começa, mas não termina. Pois que no terceiro ato do filme, eis que esses acordos políticos do amor cedem cansados a um thriller em que pipocam juízos de valor sobre o “ser” palestino, cujo núcleo familiar soa primitivo e intolerante, e o “ser” israelense, dos pais requintados e liberais. E aí vem o pacote de cenas de perseguição, ligações obscuras e uma série de improváveis malabarismos narrativos para conseguir levar o filme a um desfecho qualquer.