:: Filme na programação da Mostra SP ::
Kung-fu, arte marcial de duas palavras que, na teoria do protagonista deste filme, criam uma oposição binária. Uma é horizontal. A outra vertical. Em outros termos, quem perde cai. Quem ganha se mantém de pé. O que acontece então se na luta do kung-fu os opostos se atraem? Como fazer deitar seu inimigo se em algum momento você se dá conta de que quer apenas se deitar ao seu lado? Ou que, de pé, deseje erguê-lo para que juntos vocês caminhem para o mesmo lugar?
Quando usa das artes marciais, das guerras e de personagens que realmente existiram, Wong Kar-Wai só quer mesmo falar de amor e, para fazer jus à sua filmografia, será desses tipos de amor impossível. O diretor chinês volta ao cinema seis anos depois de seu último filme em mais uma elegante, e agora também epopeica, operística e neoclássica história entre um homem e uma mulher que se apaixonam. E aqui isso acontece quando eles decidem lutar entre si. O embate de seus corpos será na mesma medida o encaixe deles.