Nebraska, de Alexander Payne

Nebraska

:: Filme na programação do Festival do Rio ::

Simpático é uma palavra com muita frequência usada para, elegantemente, chamar um filme de café com leite. Prefiro portanto ficar com gentil. Nebraska é um filme que passa esse limite do simpático e é, de fato, gentil, mas não chega a ser tão perspicaz em seu humanismo quanto filmes anteriores do diretor. O novo trabalho de Alexander Payne (Sideways e Os Descendentes) é obsequioso com essa sutil relação que se estabelece entre pais e filhos ao longo de uma vida, mas cai em lugares comuns ao fazer a crítica desses Estados Unidos indolente diante da TV e ironicamente paralisado pela religião dos automóveis.

Trata-se de semi road movie, semi porque as paradas são mais importantes que a viagem, de um filho que leva sei pai para retirar um “prêmio” de um milhão de dólares que, na verdade, ele nunca ganhou. O prêmio é um daqueles panfletos publicitários do tipo: “você é o nosso milionésimo visitante, clique aqui para ganhar 1 milhão”. Mas Woody Grant, interpretado com muita força por Bruce Dern, está convencido de que finalmente poderá comprar sua caminhonete nova e um compressor de ar. Resta ao seu filho mais atencioso, David (um trabalho bem bom do ator de comédias Will Forte), deixar seu pai viver um pouco essa que possivelmente deve ser sua primeira e última fantasia em vida.

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Nós Somos os Melhores, de Lukas Moodysson

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:: Filme na programação do Festival do Rio ::

Lukas Moodysson tem uma mão boa para lidar com toda aquela bagunça emocional/hormonal de meninas entre a pré-adolescência e a adolescência em si. Prova 1: Amigas de Colégio (1998), um raríssimo filme excelente em uma muito fraca filmografia lésbica, se é que ela existe. Prova 2: Lilya 4-Ever (2002), um título tenso e bem menos otimista que Amigas de Colégio, mas tão precioso quanto. Prova 3: Nós Somos os Melhores (título brasileiro estranhamente traduzido em gênero masculino), seu mais novo filme, não tão cuidadoso quanto os dois primeiros citados, mas certamente um respiro daquela rebeldia genuína e espontânea desse entrelugar entre a infância e a vida adulta, aqui no corpo de três meninas que, em meados dos anos 80, ainda acreditam no punk.

Digo respiro porque é preciso se livrar um pouco das marcações de cena em filmes com adolescentes. E Moodysson sabe fazer isso. Não apenas porque consegue dirigir as meninas e deixar elas à vontade, mas porque é tão inquieto em sua câmera quanto elas. E sim, o zoom é sempre seu amigo. E outra, vamos combinar: no esplendor dos sintetizadores e das pistas de dança, um argumento que traz meninas entre 12 e 13 anos que decidem montar uma banda punk é algo que, isoladamente, já merece toda nossa atenção.

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