Eu, Anna, de Barnaby Southcombe

Eu, Anna

Que fique claro antes de mais nada que qualquer filme, série, capa de revista, festa de aniversário ou chá de bebê com a presença de Charlotte Rampling tende a ser uma experiência, no mínimo, agradável. E ainda que agradável não seja uma palavra adequada para definir o mais novo filme protagonizado por ela, Eu, Anna não seria o instigante thriller que é não fosse a força dramática dessa atriz inglesa. Ela e seus olhos baixos, tristes, seu sorriso melancólico, suas pernas finas, mais uma vez dão corpo a uma femme fatale. Dessas que, como a expressão em francês sustenta, piscam “problema” na testa.

Eu, Anna é um filme de Rampling. Conduzido e dominado por ela. Tal como parece ser inerente à própria intérprete, a personagem se deixa revelar muito lentamente, com frequência nos induzindo à dúvida sobre sua aparente fragilidade. Anna Welles é uma senhora que vemos pela primeira vez saindo de um gigante edifício residencial londrino que só não é mais impessoal que aqueles condomínios da decalogia de Kiewsloswki. Sua relação com aquele prédio vai se costurando à medida em que o roteiro nos apresenta alguns flashbacks sugestivos.

Continuar lendo