Las Acacias, de Pablo Giorgelli

acacias

Las Acacias é aquele tipo de filme que vai te levando pra algum lugar cujo destino não importa, porque o trajeto se encerra e se abre nele mesmo. E aí, eis que depois de muito tempo andando de mãos dadas nesse caminho, os créditos finais sobem e você subitamente sente falta dessa mão que te guiava tranquila pela estrada. Bate uma tristeza, porque a companhia lhe era agradável. Mas bate também uma alegria mal contida em saber que todo final pode ser sempre só o começo.

Produção argentina (com uma ajudinha espanhola), esse é o primeiro longa e a primeira ficção do diretor Pablo Giorgelli. Venceu o Caméra d’or em Cannes de 2011 e somente agora conseguiu uma brechinha para estrear em algumas salas brasileiras (dia 6 de setembro, favor anotar e colocar alarme). Foi um filme pensado durante cinco anos antes de ser realizado, dois desses dedicados exclusivamente a criar o roteiro.

Esse tempo em banho-maria foi o suficiente para que Giorgelli escrevesse uma história sobre três personagens que começam a se comunicar timidamente dentro da cabine de um caminhão, em um percurso que dura mais de mil quilômetros, entre uma cidade no interior do Paraguai e Buenos Aires.

Se apresentam a princípio assim: Ele é um caminhoneiro, barba por fazer, corpo cansado, draconiano, um tanto grosso até. Ela é mãe, desempregada, retirante e com alguma esperança de que as coisas deem certo na cidade grande. Por fim, a personagem elo entre os dois, a bebê. Mas para ela vamos dedicar um parágrafo solo.

Anahi, nome da personagem bebê, é de certa forma o motor propulsor do roteiro. É filmando algumas de suas reações – e se torna impossível que ela não tome toda nossa atenção quando aparece – que o filme vai criando os primeiros laços entre o caminhoneiro e a mulher. Se trata de um exercício de paciência dentro e fora de cena. O longo silêncio, a longa estrada, tudo isso vai gradualmente dando lugar aos primeiros indícios de que o diálogo é sempre possível. E a criança, que não sabe falar, é quem começa a conversa.

Os dois atores (Germán de Silva e Hebe Duarte) e toda equipe, com menção honrosa para quem fez o trabalho de continuísta, estão de parabéns. O que pode parecer num primeiro momento um roteiro simples de duas pessoas com dificuldade de comunicação num road movie em que pouca coisa acontece (e o não diálogo é, claro, o grande diálogo) se torna uma história sobre como nós olhamos e nos atraímos por tudo aquilo que, mudo, precisamos preencher de significados.

O filme tem estreia prevista para 6 de setembro (para que está em SP, haverá semana de pré no Cinesesc).

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